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ALTERNATIVAS PARA A AGRICULTURA

Uma questão interessante para a Agricultura Irrigada é a análise de todas as tendências que convergem para uma proposta de Agricultura do tipo Alternativa: (i) primeiro, alternativa ao modelo da Revolução Verde; e (ii) depois ao modelo Agroindustrial de Transformação em larga escala destinada à alimentação animal e à produção de agroenergia.

Essas tendências pretendem desenvolver e aplicar as práticas agrícolas que conduzam à produção de alimentos saudáveis para a humanidade e que não danifiquem a natureza ou os recursos naturais. Super louvável! Dentre muitas, selecionamos algumas, a seguir:

1. Agricultura Natural: É um método desenvolvido por Mokita Okada, na década de 1930, que propõe o cultivo natural com harmonia entre o meio-ambiente, a alimentação, a saúde do homem e, também, a espiritualidade.

Esse sistema consiste em cultivar os vegetais da maneira mais natural possível, rejeitando qualquer forma de cultivo que desrespeite o modo de comportamento natural do solo e do crescimento vegetal, sem utilizar agrotóxicos (venenos) e nem mesmo adubo de origem animal, elementos que retiram o verdadeiro e natural sabor dos alimentos e que prejudicam a saúde do homem.

É um conceito de caráter filosófico-religioso formulado por volta de 1935. O , fitopatologista, estabeleceu quatro princípios para a Agricultura Natural: 1) não revolver o solo; 2) não utilizar fertilizantes; 3) não capinar o solo; e 4) não utilizar agrotóxicos. Esses princípios serviram de fonte de inspiração para o aprimoramento das técnicas de produção orgânica. Todo esse processo está muito ligado á Igreja Messiânica. Daí surgiu, também, a Agricultura Biodinâmica e a Agricultura Alternativa.

2. Na Agricultura Orgânica são utilizados somente o esterco animal, a rotação de cultivos, a adubação verde, a compostagem e o controle biológico de pragas e doenças, para o desenvolvimento sustentável.

3. Agricultura Biológica é um sistema de produção que tem por objetivo principal preservar a saúde do meio-ambiente, os ciclos, as atividades biológicas do solo e a biodiversidade. Nela a produção de alimentos e demais produtos vegetais é feita sem a utilização de fertilizantes sintéticos (químico-minerais), agrotóxicos ou pesticidas em geral e de reguladores de crescimento na alimentação dos animais.

4. A Agricultura Ecológica ou Agroecologia se ocupa da produção ecologicamente sustentável. Usa de princípios agroecológicos, dentre os quais os mais importantes são: (i) o respeito pela natureza; (ii) a diversificação de cultivos; (iii) o solo como organismo vivo; e (iv) a independência dos sistemas de produção.

Segundo o Google/Wikpedia, a Agroecologia é definida como um estudo integrativo da ecologia de todo o sistema alimentar, compreendendo as dimensões ecológica, econômica e social. Mais especificamente, "Agroecologia é definida como a aplicação de conceitos ecológicos e de princípios para o desenho e o manejo de agroecosistemas sustentáveis" (Gliessman. 1998). É dita, também, como "Uma abordagem ecológica da agricultura que considera áreas agrícolas como ecossistemas e preocupada com o impacto ecológico das práticas agrícolas" (Merrian-Webster).

5. Agricultura Familiar - Tipo de agricultura desenvolvido em pequenas propriedades (imóveis) rurais, grupos de famílias (pequenos agricultores e alguns empregados), envolve técnicas de cultivo e extrativismo de práticas tradicionais e do conhecimento popular.

6. Agricultura Protegida - Protected Cultivation é aquela que se realiza sob estruturas construídas com a finalidade de evitar as restrições que o ambiente impõe ao desenvolvimento de plantas cultivadas. Em algum momento foi designada, também, de plasticultura.

7. Agricultura Sintrópica – Conjunto de princípios e técnicas criado por Ernst Götsch, agricultor e pesquisador suíço, que concilia produção agrícola com áreas degradadas. (IPEP-Bagé/RS).

8.Permacultura (Permanent Agriculture) – Conceito criado por Bill Mollison e David Holmgren, na década de 1970, possui três princípios éticos e 12 de planejamento baseados na observação da ecologia e da forma sustentável de interação, produção e vida das populações tradicionais com a natureza. Os princípios éticos são: 1) Cuidar da terra; 2) Cuidar das pessoas; e 3) Compartilhar excedentes. Todo permacultor tem a função de criar solo e de armazenar água. Segundo Graham Wood, em Linkedin, permacultura é uma filosófica e processo de "design" ou de projeto, mas mais do que isso, é também um guia prático de vida.

9. Vertical Farming (Vertcrop) – É o cultivo de plantas dentro de edifícios ou de vários andares de arranha-céus que funcionam como estufas de grande dimensão, envolvendo a hidroponia, conceito devido a Dickson Despomnier. Atualmente, várias cidades estudam construir farmscrapers (do Inglês skyscraper).

"Vertical farming is a high-tech of controlled-environment agriculture. It is an emerging trend in urban agriculture. The increase is due to two technologies: hidroponics and aeroponics".

10. Soilless Cultivation - O cultivo sem a utilização de solos é conhecido como hidroponia (do grego hydros, água e ponos, labor), expressão usada por primeira vez em 1929 pelo Professor Dr. Gericke, da Califórnia, que se vale da água contendo nutrientes. Já na década de 1950 existiam produtores que a praticavam comercialmente na América, na Europa, na Ásia e na África. A expansão dessa técnica de cultivo é grande e como se presta a cultivos hortigranjeiros a tendência é aumentar, sobretudo nos meios urbanos. A Holanda vem aplicando conceitos de agricultura interna (protected cultivation) como um tipo de agricultura vertical.

"É possível individualizar temperatura, umidade, iluminação, fluxo de ar e nutrientes na obtenção de melhores produtividades das plantas o ano todo e em qualquer lugar do mundo". (Gene Giacomelli, Universidade do Arizona, Tucson, USA).

11. Aquaponics: an Eco-Organic Farming System – Tem como definição, a mais simples, de ser a combinação da aqüicultura (criação de peixes) com hidroponia (cultivos de plantas sem solo), na criação de peixes e plantas em sistemas integrados de produção.

12. Carbon Farming - Essa é a expressão em moda, a expressão do momento para tantos quantos participam do movimento de alimentos saudáveis e da sustentabilidade de produção ao redor do mundo. Tem como objetivo tirar o excesso de carbono da atmosfera, onde ele provoca o aquecimento global, e armazená-lo no solo, onde ajuda no crescimento das plantas.

"Toda a biologia do solo consome carbono e é assim que os nutrientes circulam. Os agricultores precisam pensar no carbono como fertilizante, porquanto é o que impulsiona um sistema saudável. (Cabe Brown, Bismarck, Dakota do Norte. USA).

A agricultura do carbono é estimulada, em alguns casos, pelo Mercado de Crédito de Carbono.

Muitos consideram que a adoção de sistemas silvopastorís compensa o carbono liberado pelos animais. É uma questão de quais práticas sejam ajustadas ao clima e ao mix de mercado e dos mecanismos disponíveis para as práticas de transição.

São princípios da agricultura de carbono: (i) não revolver o solo (); (ii) cobertura orgânica (); (iii) compostagem; (iv) rotação pecuária; e (v) cultivos de cobertura.

A guiza de conclusão

Todos esses enfoques e outros mais, se referem à agricultura em menor escala em tamanho dos imóveis e/ou das lavouras, com intensificação de usos de formas mais naturais, orgânicas, ou seja, do conhecimento tecnológico, exatamente o que a Agricultura Irrigada propõe.

Muitos desses enfoques são criticados por não apresentarem potencial de suprir as necessidades que as populações do mundo demandam. É compreensível, pois são de pequena escala e não conseguem produtividades máximas. Não é o que a Agricultura Irrigada propõe.

No entanto, nada é descartável, todos aportam com conhecimentos empíricos e/ou tácitos – cognitivo e técnico (tecnológico) - de relevância. Além disso, existem modismos relacionados a formas de manejo de solos de plantas, que nem sempre considera o sistêmico como enfoque essencial, de análise e de síntese.

O que parece evidente é que essa tendência de mudança vem acontecendo a quase cem anos, bastante calcada no conhecimento explícito (empírico) e o que falta é alicerçar essas propostas em estudos técnicos para que o conhecimento tácito, tanto cognitivo como o técnico, se manifestem com maior precisão e definição de procedimentos. Assim como o fizemos para a agricultura de "sequeiro" para os Cerrados, nesses últimos 40 anos.


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